sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Benfica - Arouca: mais e menos



Assim se perdem campeonatos… Mais 2 pontos perdidos em casa num jogo com um recém-promovido. Não pode ser! Isto se queremos realmente ser campeões…

Pedro Emanuel trouxe, como é seu apanágio, o autocarro para a Luz…e não o censuro, pois já percebeu que o Benfica se dá mal a jogar com equipas que se fecham e encurtam os espaços. O ano passado quase conseguiu a surpresa com a Académica e, este ano, conseguiu-a  mesmo, com a ponta de sorte que lhe faltou no ano transacto.

A sorte…é verdade, a sorte! O Arouca teve sorte no jogo nos momentos-chave, é certo, nomeadamente nos golos que lhes deram sempre vantagem no jogo, mas isso não explica tudo. O Benfica tem que ser mais competente contra equipas deste calibre e jogar numa rodagem diferente daquela que jogou, com mais velocidade, trocas de posições, intensidade, enfim…mais tudo.

A noite começou a correr mal para o Benfica num lance de bola parada, num filme visto vezes de mais para nos queixarmos de simples azar. O auto proclamado mestre da táctica e inventor da defesa à zona nos lances de bola parada defensivos ainda não encontrou antídoto para os cantos e livres laterais…ou dá golo ou dá tremideira. Mais um…

Depois disso, mais avalanche ofensiva, com Rodrigo a comandar sempre os lances de maior perigo, através de mudanças de velocidade. O Benfica chegou ao empate numa boa jogada ofensiva, com um bom trabalho de Gaitán e Maxi e num golo do inevitável Rodrigo.

O Benfica voltou para a segunda parte com uma substituição que fazia perfeito sentido: o ataque do Arouca era perfeitamente inexistente, como era inexistente o contributo de Cortez para o jogo…Passou Gaitán para defesa esquerdo e entrou Sulejmani para extremo. Boa ideia no papel, porém sem resultados práticos pois após os primeiros 10 minutos, esfumou-se o contributo do argentino no jogo. De seguida entrou um Funes Mori para a saída de outro jogador perfeitamente inexistente no jogo, Markovic. A ideia era aproveitar os cruzamentos que o Benfica ia conseguido fazer para a área. Mais uma vez, boa ideia no papel, mas sem resultados na prática: o Benfica deixou de conseguir ganhar a linha e Funes Mori entrou trapalhão no jogo. 

Avançava o relógio quando o Arouca conseguiu sacudir a pressão por uns minutos com três lançamentos laterais e, no terceiro deles, e perante a passividade da defensiva, aparece isolado um avançado do Arouca para o 1-2. Cheirava a escândalo na Luz.

Voltou a carregar o Benfica, mais com alma do que com razão, quando, num lance bem desenhado, Sulejmani, que entrou bem, conseguiu cavar um penalti. Lima, que esteve desastrado no jogo, não tremeu e fez a igualdade. Esperança com 7 minutos para jogar.

Entra Cavaleiro no jogo para sair Fejsa. Em 10 minutos, Cavaleiro fez mais que Markovic em 65. Primeiro esteve perto do golo, quando enviou uma bola ao poste, depois de um bom cruzamento de Gaitán, e, após isso, ganhou a linha do fundo para um falhanço escandaloso de Luisão. Estava visto, os Deuses da sorte não estavam connosco nesta noite.

A terminar, um árbitro complacente com o anti-jogo do Arouca que nos brindou com uns míseros 4 minutos de desconto e que marcou umas faltas a favor do Arouca no período complementar que deram a estocada final num Benfica moribundo. 


Isto dito, vamos aos mais e menos:

Rodrigo – depois de o ter criticado tanto, tenho que me render e assumir que o hispano-brasileiro está muito bem, com força e velocidade e com a criatividade e instinto matador que é necessário; a jogar assim, faz falta ao Benfica;
Ivan Cavaleiro – teve apenas 10 minutos em campo, mas mexeu mais no jogo que muitos que lá tiveram muitos mais minutos; parece-me que a sua entrada se impunha mais cedo, por exemplo, no momento em que entrou Funes Mori;
Sulejmani – sem deslumbrar, entrou bem no jogo e arrancou o penalti do empate; também será uma hipótese a considerar se a má forma de Markovic for para continuar.



Markovic – por onde anda o talentoso Sérvio? Claro que uma defesa posicionada e fechada não é a sua praia, pois o miúdo gosta de espaço, mas não é razão para passar cerca de 60 minutos sem dar uma para a caixa;
Cortez – muito fraquinho mais uma vez; tem culpas no primeiro golo do Arouca e não trouxe nenhuma vantagem no ataque; só consegue ser titular se Siqueira e Sílvio estiverem de baixa, como é o caso;
Lima – apesar do golo de penalti, esteve outra vez perdulário na finalização e perdeu também muitas bolas no confronto com os defesas, bem como não deu boa sequência a alguns lances ofensivos; vai perder o lugar para Cardozo e, com Rodrigo assim, pode ser relegado para 3ª opção;
Fejsa – muito curtinho…num jogo em que era preciso o trinco arriscar, conduzir bola, fazer alguns passes com risco, o sérvio não fez nada disso. E, depois, foi demasiado complicativo nalguns lances defensivos, quando aí não tinha que arriscar ou inventar… não fez esquecer Matic…nem de longe nem de perto.

4 comentários:

  1. Randmo_Hero,

    Gostei muito do teu artigo! Parabéns! Mas, tenho opiniões diferentes em alguns pontos do teu texto.

    Por exemplo:
    - Vê o lance em que depois vai dar origem ao livre do David Simão. Não digo para veres a falta sobre o Pintassilgo, mas sim veres a abordagem de Luisão e Garay para com Roberto, que consegue receber sem pressão nenhuma dos centrais. Eles não podem defender assim. E digo-te, ontem foi uma constante! No ano em que fomos campeões, o David Luiz era exímio na marcação e antecipação ao avançado. Muitas vezes até funcionava como uma espécie de médio-defensivo. E, é isso que o Benfica precisa. Com Luisão e Garay, parece que temos sempre duas âncoras lá atrás, quando não há necessidade.

    - Por causa do que escrevi acima, eu não teria tirado o Cortez, mas sim o Garay ao intervalo. Preferia meter o Sulejmani em campo, recuando o Fejsa para central, o Enzo como médio mais defensivo, e o Gaitán ou Sulejmani para médio centro ofensivo. Pelo menos teria maior agressividade na zona central e maior qualidade na posse de bola. Já agora, incluia nessa tua lista no vermelho, o Garay (ou o Luisão) pelas razões acima.

    - Por falar em Luisão, esse também seria outro a estar no vermelho. Não só pelo que (não) fez em termos defensivos, como também pela oportunidade de golo clara que desperdiçou...

    - Não acho que a ideia do Markovic pelo Mori tenha tido muita lógica, pois na prática perdemos um homem que fazia a ligação do meio-campo para o ataque. E, sem esse homem, perderíamos o controlo do meio-campo... escusado será dizer que foi isso mesmo que aconteceu! Muito mal o Jesus, nesta leitura!

    - Não acho lá muito justo esse vermelho ao Fejsa. Ele ainda está a procurar o seu espaço dentro da equipa. E tirando algumas situações ele até esteve muito bem. Por exemplo, na primeira parte, fez muitas recuperações ainda na fase de construção do Arouca. O problema e volto a referir, é que quando ele sobe para cortar as jogadas ofensivas, tanto Luisão e Garay ficam demasiado lá atrás, sobretudo o argentino, deixando o avançado do Arouca sózinho no meio-campo.

    O Benfica começou a perder o jogo nesse duelo entre os centrais e o Roberto. É que quantas vezes o avançado desequilibrou a nossa defesa, procurando logo o Pintassilgo ou o outro emprestado do Tottenham para meter a cabeça dos nossos laterais em água?! Foram "n" as vezes que vi isso acontecer.

    Cumprimentos

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    1. Caro PP,
      Agradeço o comentário e, apesar de não concordar com tudo o que escreveu, reconheço que é uma análise coerente e sustentada do jogo.
      Quanto à passividade dos defesas centrais estou 100% de acordo. Muito pouca agressividade (no bom sentido, não é daquela que dá em faltas estúpidas que, contra o Benfica, tendem sempre a dar em golo) e nenhuma antecipação ao Roberto, que conseguiu, muitas vezes, jogar à vontade. Concordo que deveria ter incluído os centrais no "menos", mas nem sempre nos lembramos de tudo, especialmente com a azia! :)
      A substituição do Garay que refere é também bem pensada no papel, falta saber se daria efeitos práticos, mas eu não me sentiria muito confiante a jogar com 3 defesas (ainda que com a ajuda de Fejsa a central), sendo um deles o Cortez, especialmente porque o Arouca fazia subir os extremos quando tinha alguma hipótese nas transições ofensivas.
      Quanto ao Mori, eu acho que percebi a ideia do JJ, que era dar centímetros e presença na área numa altura em que o Benfica estava a conseguir muitos cruzamentos para a área. No entanto, aconteceu o que referiu que foi a perda de ligação entre sectores, o que inviabilizou que existissem esses cruzamentos após a entrada do Mori.
      Já em relação ao Fejsa, não estou de acordo... Achei-o lento, complicativo em muitas situações e, pior que tudo, muito curtinho no campo, arriscando pouco no passe e na movimentação! Com uma equipa que está com o autocarro estacionado não precisamos de ter 2 centrais e 1 trinco metido lá atrás. Fejsa precisava de sair com bola (o que Matic faz exemplarmente) e, ocasionalmente, movimentar-se ofensivamente, para receber e tabelar na frente, fazendo a ligação meio-campo e ataque. Agora, o que Fejsa fez foi simplesmente passar a bola para o lado (normalmente para os centrais), ficando sempre atrás (não dando opcção de passe ofensiva), não arriscando nada, o que não pode ser, especialmente por estarmos em desvantagem.

      Saudações Benfiquistas

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  2. O nosso problema é o JJ, dado que uma equipa que consegue marcar 2 golos a uma que tem o autocarro estacionado tem de ganhar o jogo.
    A verdade é que o mestre da tactica, passados mais de quatro anos não apresenta uma equipa que saiba defender.
    Qualquer grupo excursionista chega ao Estádio da Luz e marca um ou mais golos, e a culpa é sempre dos Robertos, dos Emerssons ou do Cortez, nunca é do mister
    que durante a semana treina a equipa a defender bem os cantos, os livres laterais e agora até os lançamentos da linha lateral, e diga-se treina-os com tal intensidade que se esquece de treinar os cantos a nosso favor ou os livres laterais.
    Chega é altura de reunir com o seu amigo Pinto da Costa, levando uma carta de recomendação do amigo LFV
    Viva o Benfica

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    1. Caro moreira,
      Não creio que se possa culpar exclusivamente o JJ, mas é óbvio que também teve falhas neste (e noutros) jogo(s) que não deixei de apontar supra.Continuo a ficar incrédulo com a quantidade de golos sofridos de bola parada defensiva. Acho absolutamente inaceitável para uma equipa que quer ser campeã e isso deve-se exclusivamente ao JJ.
      Já quanto às bolas paradas ofensivas, a verdade é que temos visto muitos lances de laboratório com alguns resultados, portanto, aqui já não o acompanho totalmente na crítica, mas também concordo que há jogadores que batem muito mal estas faltas e cantos (gaitán, por exemplo) e que se continua a insistir neles.
      Saudações Benfiquistas.

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