Injusto. É este o adjectivo que
parece caber como uma luva ao jogo de terça. Entre um misto de falta de
eficácia dos jogadores do Benfica e uma exibição de bom nível do guardião
Roberto, parece-me que perdemos uma grande oportunidade de carimbar o passaporte
para os oitavos-de-final da Champions. Agora, as contas estão muito
complicadas, estando, inclusivamente, o terceiro lugar em risco, em face do
resultado feito pelo Anderlecht no Parque dos Príncipes. No entanto, perante o
jogo que assistimos ontem, temos razões para estar optimistas, isto porque,
apesar de não termos cumprido o objectivo mínimo – que seria empatar – a equipa
fez uma exibição muito acima da média, talvez a melhor exibição do presente ano
desportivo, o que comprova uma subida de forma de várias unidades da equipa. Foi
aquilo que comummente se designa por: “vitória moral”, que, apesar de tudo, é melhor que uma derrota categórica.
Jesus alinhou no esquema que
referi no post anterior (onde apenas falhei os laterais da equipa) tendo optado
por dar mais consistência ao meio campo com a entrada de R. Amorim. O esquema utilizado foi muito dinâmico e baralhou as
marcações do Olympiacos: o Benfica começou num claro 4x2x3x1, com a dupla de
trincos Matic, R. Amorim, Enzo mais à
frente, seguidos de Gaitán na
esquerda e Markovic na direita; mas
não foi preciso correrem muitos minutos de jogo para que o esquema se
transfigura-se para um 4x4x2, com Markovic
a jogar atrás de Cardozo e o lado direito ficasse entregue, a Enzo e, a
espaços, a R. Amorim.
A aposta foi claramente ganha,
pois Amorim foi um autêntico patrão no meio campo, ora destruindo jogo, ora
lançando bem os ataques da turma da Luz. Fez um grande jogo. Matic também este muito bem na tarefa
defensiva. Enzo continua a ser um jogador muito forte no meio campo e esteve ao
seu nível. Depois, o Benfica contou com um (finalmente) inspirado Gaitán, que protagonizou belos momentos
de futebol e com um Markovic a subir
de forma, que esteve muito forte a pressionar e a movimentar-se nas costas da
defesa grega, tendo apenas pecado por não ter conseguido a finalização.
Nas laterais, a aposta também foi
ganha, pois Sílvio nem parecia que
estava a jogar no flanco que menos gosta e que tinha estado parado tanto tempo!
Maxi também esteve forte, não
permitiu veleidades defensivas e arriscou em lances ofensivos, porém, sem
proveito.
Apesar de o Benfica ter tido um
sem número de oportunidades para finalizar, Cardozo apenas esteve numa delas e, talvez por estar ainda frio,
rematou fraco quando, em situações semelhantes, costuma bombardear a baliza
adversária. Foi pena.
Defensivamente, não fora o erro
do costume e tinha sido uma noite sem mácula. Falo em “erro do costume” porque
é consabido que o Benfica de JJ defende mal as bolas paradas defensivas e isto
não é coisa só desta época ou da época passada, é mesmo desde que JJ entrou no
Benfica. O Benfica defende, nas bolas paradas defensivas, com marcação à zona.
A marcação à zona só é eficaz se cada jogador defender activamente (e até
agressivamente, no bom sentido) a sua zona. Porém, não raras vezes, os defesas
do Benfica são passivos e são facilmente ultrapassados por jogadores que vêm de
trás e entram nos “buracos” da defesa à zona. É urgente rever esta forma de
defender, pois uma equipa de top não pode dar-se ao luxo de sofrer tantos golos
desta forma (vide a final da Liga
Europa, ou mesmo o jogo desta época com PSG).
Isto dito, vamos aos mais e
menos:
Garay: apenas pela passividade na defesa à zona na bola parada
defensiva do golo; fora isso, esteve impecável, mas o que é facto é o seu erro
custou a derrota;
Lima: entrou em campo numa altura em que já era muito o desespero e
não conseguiu dar a dinâmica e o esclarecimento que a equipa precisava, ao contrário de Djuricic,
que entrou muito bem na partida;
Matic – em clara subida de forma, foi um patrão no meio campo e fez uma exibição globalmente muito positiva; no entanto, coloco em destaque negativo pela forma displicente como abordou um lance ofensivo que podia ter dado o empate ao Benfica; fiquei com a sensação que, nesse lance, Matic pensou estar em fora-de-jogo, mas, nesses casos, não tem nada que pensar, é chutar a bola para o fundo das redes e depois logo se discute se é válido ou não o golo.
R. Amorim – grande exibição do médio: seguro a defender, soube
aventurar-se por terrenos mais adiantados, ora com tabelas bem construídas, ora
com passes de ruptura bem medidos; esteve perto de conseguir assistir Markovic
para o golo por duas vezes, deixando-o na cara de Roberto;
Sílvio – enorme exibição do defesa luso; subiu por aquele flanco
por diversas vezes e foi um perigo ofensivamente, tendo aparecido,
inclusivamente, na área para finalizar uma jogada perigosa; disfarçou muito bem
a falta de ritmo, com uma exibição sempre em alta rotação;
Gaitán – o argentino quando engata é um jogador difícil de travar;
fez a cabeça em água aos seus adversários e foram dele muitas das jogadas
ofensivas do Benfica; foi sucessivamente castigado pela dureza extrema do seu
opositor L. Salino, que escapou muitas vezes ao olhar do árbitro;
Enzo – mais uma grande exibição do argentino, que arregaçou as
mangas e foi à luta, como é seu apanágio;
Markovic – continuo a achar que este vai ser um jogador-chave para
o Benfica a breve prazo; jogador rápido e de fino recorte técnico, tem
inteligência na movimentação, o que lhe permitiu aparecer em zonas de
finalização com boas chances em 2 ou 3 lances; fez um remate acrobático que
merecia ter entrado na baliza grega; saiu esgotado;
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