O que dizer do jogo de ontem?
Ganhámos, é certo, mas fica sempre aquele amargo de boca: por que será que
demoramos tanto tempo a “entrar” em jogo? Era preciso dar 30 minutos de avanço
ao adversário? Será que tínhamos mesmo que permitir o empate quando tínhamos o
jogo na mão frente a uma equipa com poucos argumentos? Será que não devíamos
ter procurado activamente pelo 3.º golo quando estava 2-1? Será que as
substituições teriam que ser feitas apenas a 7 e 3 minutos do fim?
Felizmente ganhámos! A bola
chutada por Rodrigo passou
caprichosamente por entre as pernas do desamparado guarda-redes do Anderlecht e
entrou… e se não entrasse? Certamente estaríamos todos insatisfeitos e a dizer
o que esteve mal no alinhamento da equipa:
- “não devíamos ter jogado com o Fejsa …o Cavaleiro devia ter jogado de início…o Cardozo é que faz falta… etc…”.
Mas a bola entrou e muitas dessas
vozes calam-se. Faz também parte da beleza deste desporto: a bola que bate na
trave e faz com que esteja tudo mal e a bola que entra e faz com que esteja
tudo bem. A maior parte dos comentadores desportivos e demais “paineleiros” vão
muito nessa onda. Eu cá já não sou tanto assim…
Não foi uma exibição conseguida e
fico com a sensação que a débil formação belga, se devidamente apertada,
abanaria por todos os lados. Ofensivamente não têm argumentos e só um Benfica
desconcentrado permitiu 2 golos de uma equipa que ainda não tinha marcado
qualquer golo caseiro na Champions.
A equipa do Benfica alinhou com o
onze que adiantei ontem (rectius, o
lesionado Sílvio deu lugar a A. Almeida), embora num desenho táctico
ligeiramente diferente. A equipa iniciou o jogo com um duplo pivot defensivo no meio – Matic e Fejsa – e com Enzo mais
colado à direita, libertando Markovic
para a posição de segundo avançado, atrás de Lima. Se, no papel, a ideia era boa, na prática revelou-se
desastrosa: Enzo perdia relevância
na ala, Matic não se estava a soltar
e Markovic andava perdido e sem
bola. Foi precisamente quando Enzo
procurou terrenos mais centrais que mais se viu o Benfica na Bélgica, ajudando Matic também a subir de rendimento no
jogo. Gaitán foi importante a
espaços, sempre com os seus rasgos de genialidade, e não compreendi a sua substituição
quando ainda se encontrava em campo um (notoriamente) desinspirado Markovic. Lima voltou a estar distante do jogo, talvez não por (exclusiva) culpa
sua, mas pela incapacidade dos restantes colegas em lhe fazer chegar a bola em
boas condições.
Valeram os 3 pontos, o milhão de
euros, o prestígio europeu e Rodrigo,
que mesmo entrando para jogar uns parcos 7 minutos, não se fez rogado e marcou
um golo pleno de oportunidade e importância. Será o regresso do Rodrigo AM (antes Moscovo)?
Isto dito, vamos aos mais e
menos:
Enzo: continua a ser um jogador muito importante no miolo para o
Benfica e é o grande transportador de jogo; a sua importância no jogo
traduziu-se em 2 assistências para golo; perde fulgor na ala, mas, em boa hora,
percebeu que tinha que cair mais no meio para pegar no jogo do Benfica.
Matic: não foi uma exibição perfeita, longe disso, mas o sérvio esteve,
novamente, ligado à história de sucesso do Benfica no jogo, tendo marcado o
golo do empate, numa fase em que o Benfica estava sem ideias e reacção; foi
também importante a trazer o jogo para a frente.
Gaitán: se, por momentos, parece que liga o “complicómetro” e estraga
lances ofensivos, outras vezes arranca jogadas de génio, como na jogada do
golo, onde, com uma maravilhosa recepção orientada tirou da frente um
adversário e chutou para golo; importante em determinadas fases do jogo, onde
parecia ser, com Enzo, os únicos a remarem
contra a maré.
Rodrigo: depois de ter “malhado” no Rodrigo semanas a fio, não poderia deixar de dizer que é de louvar
que um jogador que entra para fazer 7 minutos num jogo consiga estar motivado (e
até “quente) para fazer uma arrancada daquelas e um golo decisivo; não tenho
muito mais a dizer de Rodrigo porque
a sua intervenção no jogo limitou-se ao golo e a uma falta que deu livre
perigoso para o Anderlecht; não se pode pedir mais de um jogador que entra para
fazer tão poucos minutos e JJ deveria repensar se estas entradas tardias de jogadores
em campo são para manter; a meu ver, a não ser que seja para “queimar” tempo,
faz pouco sentido e desmotiva jogadores…mas ontem saiu bem…
Markovic: pouco mais que inexistente ontem; jogou no meio, onde
penso que poderá render mais, mas esteve sempre muito “preso” entre as
marcações dos homens do Anderlecht e procurou pouco as costas da defesa (até
porque não havia espaço); quase sempre atrasado a chegar às bolas, também não
fez da recepção de bola o seu forte ontem; pede-se mais de um jogador que
indiscutivelmente tem categoria.
Lima: mais uma exibição abaixo do que lhe conhecemos; teve pouca
bola, é certo, mas pode e deve fazer mais, especialmente quando tem
oportunidade de rematar à baliza; falta de confiança nítida.
A.Almeida: não conseguiu impor-se na esquerda; sem expressão
ofensiva e estranhamente inseguro a defender em alguns lances; é a direita que
se sente confortável, claramente.
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