Épico, alucinante e louco foi o
jogo de ontem na Luz. Um hino ao futebol, um sonho de jogo para todos os
adeptos, que gostam de ver golos, bom futebol e emoção até ao fim. Não ficou
nada a dever aos jogos mais intensos daquele que é considerado o melhor
campeonato do mundo: a Premier Legue Inglesa.
Num jogo que começou com as duas
equipas muito bem encaixadas, em que nenhuma se estava a superiorizar
claramente, Cardozo “abriu a lata” com
um golo repleto de inteligência e oportunidade, através da cobrança de um livre
directo. Estava eu a ver o Paraguaio a partir para a bola e pensei para mim: “o
gajo que chute por baixo da barreira, que por cima vai ser difícil…eles estão
muito à frente”; e não é que ele chuta e a bola entra. Primeiro momento de frisson na Luz.
Depois disso, o Benfica tentou
gerir e jogo e, numa perda de bola a meio campo, surge o empate num lance em
tudo parecido com o golo do Sporting no jogo de Alvalade (excluindo o
fora-de-jogo de Montero).
O Benfica percebeu imediatamente
que teria que deixar a toada morna e partir para cima do Sporting, o que logrou
conseguir quase de imediato, com Gaitán
e Enzo a assumirem a batuta e a
espalharem calafrios pela defesa leonina; Cardozo
encarregou-se de estar no sítio certo e de finalizar “diabolicamente” – como disse
JJ – e sem perdão. Intervalo e já estávamos com 2 golos à maior.
Na segunda parte, talvez pelo
cansaço europeu ou pela apatia que, não raras vezes, se apodera dos nossos
jogadores, jogamos um futebol de contenção, mais à espera que o tempo passasse…e
ele passou, mas com mais um golo sofrido de bola parada defensiva. Não me vou
alongar neste tema, até porque já abordei várias vezes esta situação noutros posts (aqui e aqui), mas é evidente que
o Benfica não defende bem e que a teimosia de JJ em mudar a forma de defender
os lances é quase patológica. Jogo relançado e Sporting com a moral em alta.
O jogo ficou aberto e o Benfica
gosta disso. O argelino do Sporting ameaçou o empate, num lance em que a defesa
fechou mal. Logo a seguir, o Benfica falha um lance por Cavaleiro (ou Patrício defende) e envia uma bola ao ferro por André Gomes. Derby a ferver.
90´+ 2. Livre para o Sporting.
Terror nas bancadas, po
rque os fantasmas da época passada começam a pairar. Bola cruzada para a área e o que todos temiam acontece: golo para os verde-e-brancos. Nesta altura, grande parte dos adeptos pensaram: mais do mesmo, lá vamos nós morrer na praia.
De facto, o cenário não era
animador: Sporting moralizado com o empate, prolongamento à vista com a equipa
do Benfica mais cansada – por ter jogado a meio da semana – e mais amarelada do
que o Sporting – a defesa toda, menos Luisão,
já estava amarelada; no entanto, havia um trunfo na manga: uma substituição por
fazer.
Começa o prolongamento e
percebe-se imediatamente que Enzo
está de rastos. Felizmente, não é o único, pois Adrian e Jefferson
também parecem estourados. O jogo pode cair para qualquer dos lados. Lançamento
lateral para o Benfica, a bola vai longa, a defesa do Sporting, com cerimónia,
deixa a mesma bater no solo e ganhar altura… Luisão aparece, é agarrado pelo Rojo – que deveria ver mesmo o Rojo se
fosse assinado o penalti – mas, num golpe de oportunismo e sorte, cabeceia a
bola no chão e faz a mesma passar pelas pernas do guardião que irá defender
tudo contra a Suécia de ontem a 7 dias. Golpe de teatro, mas que premiou a
equipa que mais procurou ganhar o jogo e não aquela que apenas correu atrás do
prejuízo.
Depois disso, foi ver um Sporting
estourado, que não conseguia segurar o fresco Lima, a tentar mais com o coração
do que com discernimento chegar à igualdade, porém, sem sucesso.
Ganhou a melhor equipa em campo
que, apesar de tudo, só se pode culpar a si própria por ter sofrido tanto até à
vitória final. É mesmo difícil ser adepto do Benfica…
Isto dito, vamos aos mais e
menos:
Cardozo – numa palavra
(composta): hat-trick! Chega dizer isto para deixar demonstrado o porquê de ser
o homem do jogo.
Enzo – Enorme! Não fora ter jogado pelo Benfica e dizia que foi um
verdadeiro leão no meio campo, tal era a intensidade e garra que pôs em cada
lance. Com funções de n.º 10, não desiludiu e este em todo o lado, ora pela
direita, ora pela esquerda, ora pelo meio e, muito importante, também atrás, a
fechar espaços; grande jogo.
Gaitán – o argentino está em clara subida de forma e continua a
espalhar classe, com lances de fino recorte técnico; grande assistência para o
2-1; apareceu muito bem pela esquerda e, também, pelo meio, quando Sílvio o
solicitava; se não tivesse complicado em determinados lances, poderia ter sido
uma exibição a roçar a perfeição;
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